O Presídio Velho de Torres (ou as dificuldades da preservação dos prédios históricos) 2sy1f

"O tal presídio antigo (na foto, localizado na Rua Júlio de Castilhos), eu lembro de visualizar apenas seus escombros. Com o tempo, nem os escombros ficaram; só restou parte da escada de o ao local e nada mais. 1w105p

1 de junho de 2025

Em uma de minhas leituras de livros sobre Torres, encontrei uma crônica do saudoso Mário Krás Borges, de 1979, que falava sobre a preservação dos prédios históricos. Como se vê, a “briga” pela preservação é bem antiga (também).

“Sabemos que ainda existem alguns prédios antigos na cidade, além da Igreja Matriz de São Domingos, construídos em princípios do século ado e que representam a história viva de Torres, através dos tempos.”

No referido artigo, Mário destacou alguns dos prédios históricos que ele considerava que deveriam ser preservados, entre eles estava o prédio do presídio “velho”.

“Além da igreja, há mais dois vetustos prédios que merecem a sua preservação: a casa da Praça Cel. Severiano, de propriedade da família Gama, de Porto Alegre; e o chamado presídio velho, também de propriedade particular.”

O tal presídio citado por Mário Krás Borges, eu lembro de visualizar apenas seus escombros. Com o tempo, nem os escombros ficaram; só restou parte da escada de o ao local e nada mais.

Este prédio se localizava quase em frente à escola Sagrado (antigo CESD, ESD), na rua Júlio de Castilhos, bem ao lado de outro prédio histórico (ainda de pé): a casa do acendedor de lampiões da cidade, Eloi Krás Borges.

“Construído com grossas paredes de pedra e barro por primitivos habitantes de Torres, serviu, por largo tempo, para moradia. Localizado na parte sul da rua Júlio de Castilhos, nele funcionou o primeiro teatro de Torres, em 1910, segundo contam pessoas idosas que ainda vivem na cidade. Posteriormente, serviu como quartel da antiga polícia municipal e cadeia civil, tendo mais tarde sido desocupado, face às precárias condições que se apresentava. E assim continua até hoje (1979) sem possibilidades de recuperação, pois as águas da chuva já se infiltraram nas paredes, ameaçando ruína. Se fosse conservado, hoje seria o prédio ideal para o futuro museu Histórico de Torres.”

Soa como ironia, mas a ideia de transformar em um museu um local em que a água está entrando pelo telhado e destruindo tudo por dentro lembra bem o que está acontecendo hoje com o prédio da antiga prefeitura, que foi transformado em um museu. Mário, em 1979, pedia a recuperação de um prédio para transformá-lo em museu e nós, hoje, solicitamos o conserto de um telhado para proteger um prédio que já é um museu.

Para encerrar, Mário Krás Borges, na defesa dos bens históricos da cidade, já era combatido por alguns contrários à preservação em 1979. A eles, o cronista mandou este recado:

“Dirão os apressados: ‘Mas para que conservar essas velharias?’ No entanto, citemos: ‘A antiguidade é a aristocracia da história’ (A. Dumas). Grécia e Itália, sem a grandeza do antigo, seriam um zero na Civilização. Ocorre que a maioria dos turistas, ao chegar a uma cidade, logo procura inteirar-se da sua história, visitando, de preferência, museus e irando os monumentos históricos e a arquitetura antiga. Ao chamarmos a atenção dos poderes competentes para a preservação destes últimos resquícios do patrimônio histórico da cidade, o fazemos sabendo que não será fácil.”

Naquele tempo, não era fácil essa preservação… e hoje também não é!

 

Fonte: Torres, histórias em crônicas. Organizadora Débora Fernandes, Idealizador Paulo Timm.




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